André EstevesA ação do Banco BTG Pactual opera em leve baixa depois de seu fundador e maior acionista voltar a figurar nas páginas policiais.

A Polícia Federal conseguiu hoje a quebra de sigilo fiscal e bancário de André Esteves no âmbito da Operação Conclave, que está revirando os intestinos do socorro ao Banco Panamericano pela Caixa.

O foco da operação é a responsabilidade de gestores da Caixa na compra das ações do Pan, com “possíveis expressivos prejuízos ao erário federal”, nas palavras da PF. 

Segundo o repórter Fabio Fabrini, os sigilos de Henrique Abravanel, ex-conselheiro do Panamericano, também foram quebrados, e o juiz autorizou busca e apreensão em escritórios ligados aos empresários. A PF também pediu o bloqueio de bens de alguns investigados, mas a Justiça indeferiu.

Em 2009, a Caixa injetou R$ 740 milhões no Panamericano, então controlado por Sílvio Santos, em troca de 49% do capital votante e 20,7% das ações preferenciais. O aporte da Caixa aconteceu meses antes do Panamericano quebrar por fraudes financeiras que abriram um rombo de R$ 4,3 bilhões em seu patrimônio.

Em novembro de 2010, Silvio Santos obteve R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para cobrir uma fraude contábil na instituição.

O BTG entrou na história só meses depois, em março de 2011, quando comprou o controle do banco – mais tarde rebatizado de Banco Pan – diretamente de Sílvio Santos, por R$ 450 milhões.

Para muitos gestores, a quebra de sigilo de Esteves sublinha o ‘headline risk’ na tese de investimento no BTG, exatamente num momento em que o mercado começava a deixar para trás a prisão do banqueiro pela Lava Jato e em meio a tensões internas na partnership que controla o banco.  Desde o começo do ano, as units do BTG sobem 22%. Hoje, caem 2,5%.  O pequeno ‘free float’ do papel – boa parte nas mãos do próprio banco – explica em parte por que a queda não é mais acentuada.

O BTG disse que “não foi parte ou teve qualquer envolvimento na compra de participação do Banco Panamericano pela Caixapar em 2009” e que “não houve qualquer compra de ações de emissão do Banco Panamericano de titularidade da Caixapar”.

Nos últimos dias, os bancos já estavam sob pressão na Bovespa diante da expectativa de uma possível delação premiada por parte do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.
 
“A delação do Palocci, a potencial prisão do Mantega e situação do Cunha estão deixando todo mundo inquieto,” diz um gestor. “É muita incerteza.”
 
Mas com o avanço (devagar e sempre) das reforma da Previdência, o mercado por enquanto segue resiliente.