No panteão cada vez maior do marketing de oportunidade, a Lojas Marisa acaba de cunhar um clássico.

“Se sua mãe ficar sem presente, a culpa não é da Marisa. Tem um monte de presente para ela em nossas lojas”, a empresa brincou, num post publicado nas redes sociais. 

Graças a seu nome, a Marisa estava numa posição única para surfar a comoção gerada pelo depoimento que o ex-presidente Lula prestou a Sergio Moro — e não se fez de rogada.

Com a internet afogando em memes fazendo referência à (outra) Marisa — a quem Lula atribuiu responsabilidade pelo triplex no Guarujá — a varejista foi rápida em capitalizar a coincidência a 48 horas do dia das Mães.

Em 15 horas no ar, a peça viralizou: no Facebook, já conta com 7,5 mil curtidas e mais de 4 mil compartilhamentos, enquanto seus posts mais recentes não passavam dos 2,5 mil ‘likes’ e 50 ‘shares’.

O alcance foi muito além do público-alvo tradicional da Marisa, e atingiu internautas que costumam comentar política, economia e mercado financeiro.

Mas o posicionamento dividiu a internet, e as reações foram um espelho do ringue no qual o País se transformou quando o assunto é política.

Alguns seguidores questionaram o uso de uma pessoa já falecida como gancho.

“Vocês têm m*** na cabeça? Fazer piada com uma pessoa que morreu? Imbecis”, afirmou um usuário. “O marketing não tem limites? Cadê o bom senso? Péssimo gosto, para não dizer mau caráter”, disse outro.

Mas para muita gente, quem não respeitou a falecida foi o próprio Lula. 

“Mainha vai ganhar presente da Marisa este ano, só pela genialidade da propaganda!” disse uma entusiasta da peça. Outro prometeu: “Vou fazer um cartão da Marisa só por causa disso.”

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Se na internet muita gente chorou de rir, os acionistas da Marisa continuam tendo que rir pra não chorar. 

Enquanto o varejo de vestuário de forma geral começou a se recuperar no primeiro trimestre – o que já se traduziu nos balanços de Hering e Renner, por exemplo — as vendas comparáveis da Marisa caíram 1% e a margem bruta caiu 1,4 ponto percentual. Na Bovespa, a ação perdeu 2,67%, na contramão das outras empresas do setor.

“Vemos poucos sinais e de que a administração está melhorando o sortimento de produtos e melhorando seu posicionamento competitivo, na medida em que as vendas continuam a se contrair apesar da base de comparação fácil e da melhora no sentimento do consumidor”, escreveu o analista Guilherme Assis, do Brasil Plural.