As operadoras de telefonia celular estão em guerra de preços … nos EUA.
 
A AT&T anunciou hoje à tarde que vai oferecer um plano ilimitado de dados, texto e voz para todos os seu clientes pós-pagos, pessoas físicas ou jurídicas.
 
O novo plano — AT&T Unlimited — vai custar US$100 por mês, mais US$40 por linha adicional, com a quarta linha saindo de graça (ou seja, US$180 se o cliente habilitar quatro linhas no mesmo plano.)
 
Na Verizon, a primeira linha custa US$80, na T-Mobile, US$70, e na Sprint, US$50.
 
Na letra fina, a AT&T diz que, ‘depois de 22 GB de uso de dados’, a AT&T ‘pode reduzir a velocidade durante períodos de congestão da rede.’  (Repetindo: depois de vinte e dois giga…)
 
Até agora, este tipo de plano só estava disponível para os clientes AT&T que eram assinantes da DirecTV, a companhia de TV por satélite comprada pela AT&T em 2015.
 
A decisão da AT&T de estender a oferta de um plano ilimitado a todos os clientes é uma reação à Verizon, que, depois de cinco anos, voltou a oferecer um plano ilimitado no início desta semana.
 
A Verizon, por sua vez, tomou a iniciativa depois de sofrer na mão de outros concorrentes.  No ano passado, a Sprint e a T-Mobile baixaram os preços e acabaram com o limite de dados (universalmente odiado) em seus planos mensais.
 
Pelo menos no início, a Verizon resistiu bravamente, mas mudanças no senior management da empresa nos últimos meses parecem ter gerado também uma mudança na estratégia.
 
Esta é a primeira vez em muitos anos que as quatro maiores operadoras americanas oferecem dados ilimitados.
 
Enquanto isso, no Brasil, a concorrência está perdendo força, como mostrou a repórter Tatiana Bortolozi no Valor de ontem, e os planos ilimitados foram extintos nos últimos dois anos.
 
O Brasil, assim como EUA, tem quatro grandes operadoras de celular, mas há diferenças estruturais entre os dois mercados.
 
Para começar, só aquela sopa de letrinhas satânicas na conta — ICMS, PIS/Cofins, Fistel, FUST, Funttel… — chegam a 47% na média nacional (o ICMS, como se sabe, varia por Estado).
 
Além disso, os EUA são um mercado homogêneo, em que tanto Warren Buffet quanto Joe Smith estão sendo disputados da mesma forma pelas operadoras.
 
No Brasil, há dois mercados distintos: o pré-pago, responsável pela maior parte da base de assinantes, mas de rentabilidade menor, e o pós-pago, onde estão os clientes mais ricos e rentáveis.
 
No pós-pago, particularmente, as distorções são abundantes.
 
A Oi, por exemplo, oferece um plano que dá 20GB (sendo que 10GB são promocionais) por R$ 229,90 nos primeiros cinco meses.

 
Na Claro, 25GB saem por R$ 389,99.
 
Já na Vivo, há clientes num plano (apropriadamente chamado “SmartVivo”) pagando R$ 329,99 por apenas 7GB.
 
Ao contrário dos EUA, em que o mercado mais homogêneo aumenta a conscientização do consumidor sobre os preços, no Brasil, o cliente pós tem que ligar todo mês para a operadora — ou ser lesado.