Barry DillerA Trivago, uma plataforma de comparação de preço de hotéis que pertence à Expedia, vai abrir seu capital na Nasdaq ainda este ano.

Analistas estimam que a Trivago possa valer entre 4 e 5 vezes seu faturamento anual, que deve chegar a US$ 1 bilhão em 2017.

A estratégia — um ‘spinoff’ seguido de IPO — é a mesma que a Expedia adotou com sucesso no TripAdvisor cinco anos atrás: em alguns momentos, o TripAdvisor chegou a valer mais que a própria Expedia na Bolsa, mas recentemente o quadro se inverteu. Hoje, o TripAdvisor vale US$ 7 bi, e a Expedia, US$ 18 bilhões.

O faturamento da Trivago nos últimos 12 meses já é maior do que o do TripAdvisor no momento em que foi separado da Expedia, mas trata-se de animais diferentes.
 
Enquanto o TripAdvisor foca em oferecer ‘reviews’ de seus próprios usuários sobre hotéis, restaurantes, passeios e lugares, a Trivago focou na comparação de preços de hotéis — seu catálogo tem cerca de 1,3 milhões de hoteis em mais de 190 países.
 
A empresa tem como clientes as maiores agências online de viagem do mundo — do Booking.com ao Hotel Urbano no Brasil — além de redes hoteleiras e hoteis independentes, mas ainda é muito dependente da própria Expedia. Nos últimos três anos, a Expedia representou entre 32% e 39% do faturamento da Trivago.

Outra métrica da dependência:  a Expedia e sites controlados por ela, como o Orbitz e o Hotels.com, respondem por 55% das contas a receber da Trivago, enquanto a Priceline (a maior agência de viagens online do mundo e dona do Booking.com) responde por outros 21%. 

A Expedia — cujo chairman é Barry Diller, um investidor visionário nos setores de mídia e internet — comprou 63,5% da Trivago em 2013, pagando cerca de US$ 600 milhões em dinheiro e ações. 

De lá para cá, a Trivago multiplicou seu faturamento por seis, mas ainda não dá lucro.  Até o fim de setembro, o prejuízo era de US$ 57,8 milhões no ano, comparado com perdas de US$ 39,4 milhões em 2015 e US$23 milhões em 2014.

A empresa está abrindo o capital com duas classes de ações: a Classe A, que será oferecida ao público, tem direito a um voto por ação; a Classe B, que ficará na mão da Expedia, tem direito a 10.

A oferta será coordenada pelo JP Morgan, Goldman Sachs e Morgan Stanley, e será tanto primária quanto secundária, ou seja, parte dos recursos levantados vão para o caixa da empresa e outra para os fundadores, que estão vendendo parte de suas ações na oferta. A Expedia não está vendendo suas ações.

Para a Trivago, o IPO mais comparável é a Kayak, uma empresa de tecnologia dona de sites e apps para comparação de preço de hoteis, passagens aéreas e aluguel de carros.

A Kayak, que assim como a Trivago ganha dinheiro com publicidade em seus sites, estreou na Bolsa em 2012 valendo US$ 1 bilhão, e foi comprada pela Priceline por US$1,8 bilhão menos de quatro meses depois.