Guilherme BenchimolOs acionistas da XP Investimentos estão mantendo conversas com um pequeno grupo de investidores que demonstraram interesse em comprar uma participação na corretora antes de seu IPO, que deve acontecer nos próximos meses, de acordo com pessoas próximas à empresa.

O preço desta transação vai ajudar a balizar o ‘valuation’ que a XP vai buscar no mercado, segundo essas fontes.  Por enquanto, a ambição dos sócios da XP está num valor de mercado entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões, sem considerar os recursos que entrarão no caixa com a oferta.

Depois que formalizou seu plano de abrir o capital na Bovespa, a XP e seu maior acionista individual, a General Atlantic (GA), foram procurados por alguns fundos soberanos e family offices interessados num investimento de longo prazo na empresa. Com a oferta da XP dando sinais de que será uma das mais demandadas do ano, estes investidores provavelmente não conseguiriam a alocação desejada se  tivessem que disputar espaço com o resto do mercado no bookbuilding.

O processo em curso, que está sendo capitaneado pela GA, se assemelha à rodada de capital feita pelo BTG Pactual em dezembro de 2010, pouco antes do IPO do banco. Na época, o BTG vendeu 18,65% de seu capital para um consórcio que incluía as famílias Agnelli, Rothschild, Motta e Santo Domingo, bem como os fundos soberanos de Abu Dhabi, o GIC e o China Investment Corporation.

Alguns daqueles nomes estão conversando com a XP agora.

[Os sócios da XP] “estão escolhendo bem, porque essa vai ser uma relação de longo prazo,” disse uma pessoa próxima às conversas.

A negociação deve continuar ao longo das próximas semanas, mas, de acordo com uma das fontes, não há processo formal nem data room.

O fundador da XP, Guilherme Benchimol, e outros executivos têm 52% da empresa através do FIP Controle XP; a GA tem outros 43% e a Dynamo, 5%.

Os bancos com maior status no sindicato que vai coordenar a oferta são o Itaú BBA, JP Morgan, BTG Pactual e Morgan Stanley.

A questão de como avaliar a XP está sendo atacada com, digamos, criatividade pelos bancos.  Para uns, a XP deve ser comparada à Charles Schwab, a corretora que ajudou a democratizar o mercado de Bolsa americano.  Um outro banco compara a XP a fintechs, dado o papel supostamente disruptivo da empresa no setor financeiro.  Há, ainda, um banco que compara a corretora ao Mercado Livre, a mais bem sucedida empresa de e-commerce da América Latina, pelo fato da XP, assim como o Mercado Livre, operar um ‘marketplace’.

Um gestor disse à coluna:  “Pelo amor de Deus, corretora é corretora, banco é banco, fintech é fintech e weath management é wealth management.”

XP e GA não quiseram discutir o assunto.