A CVC acaba de comprar a Trend Operadora, a maior consolidadora de hotéis do País.
 
Com a aquisição, a CVC — que já consolidou o mercado de reservas aéreas com a compra da RexturAdvance —  ganha musculatura no mercado de viagens corporativas, que a Trend domina, e deve usar o novo canal para obter sinergias também na venda de seu produtos de lazer.
 
O valor estratégico da Trend não pode ser subestimado: a CVC vai ganhar poder de barganha junto aos hoteleiros e conseguir preços melhores.
 
A CVC concordou em pagar até R$ 258,8 milhões por 90% da Trend. O valor foi dividido num preço referência de R$ 144,8 milhões e num valor contingente de até R$ 114 milhões, que dependerá da Trend atingir metas de crescimento de lucro líquido e reservas entre 2017 e 2020. 
 
A CVC não divulgou o EBITDA da Trend. Estima-se no mercado que a consolidadora trabalhe com uma margem bruta de 27% e repasse 14% de comissão para os agentes. A margem operacional, portanto, seria de 13%.
 
Luiz Eduardo FalcoA Trend, que existe há 25 anos, teve reservas confirmadas da ordem de R$ 1,2 bilhão no ano passado. Seu presidente, Luis Paulo Luppa, continuará no negócio.
 
“Parte do crescimento da Trend tem a ver com o fato dela dar crédito,” diz um empresário que já fez negócios com a companhia.  “Para ganhar mercado, em vez de vender direto para o cliente final, a Trend dava prazo para o agente de viagens pagar, correndo o risco de inadimplência do agente.”  Em sua sede no Centro de São Paulo, a Trend tem um departamento inteiro encarregado de conferir faturas e reduzir o risco de fraude.
 
A aquisição também permitirá à CVC penetrar num canal de distribuição que sempre lhe foi arredio: as cerca de 8.000 pequenas agências de viagens independentes que relutavam em fazer negócios com a CVC por obter melhores condições com a Trend.
 
O namoro entre a CVC e a Trend começou há pelo menos quatro anos, mas a negociação não progrediu inicialmente por incertezas em relação a contingências e o valor real do EBITDA da companhia.
 
A compra da Trend é parte da estratégia de crescimento por M&A do CEO Luiz Eduardo Falco.  O plano inclui ainda uma possível expansão fora do País.
 
A CVC também já namorou a Flytour, outra consolidadora aérea do mercado corporativo, mas a expectativa de preço do controlador sempre esteve muito distante do que a CVC se dispunha a pagar.
 
O mercado de viagens corporativas brasileiro teve reservas de R$ 10 bilhões no ano passado.