O BNDES está renovando sua presença no conselho da JBS, escolhendo nomes com reconhecimento de mercado e uma relação de confiança com sua presidente, Maria Silvia Bastos Marques.

Em dezembro, o banco indicou Maurício Luchetti, um ex-executivo da Ambev e do Grupo Votorantim, como conselheiro independente.
Luchetti — que conheceu Maria Silvia no conselho da Estácio, onde ele ainda é o vice chairman — já foi conselheiro na Taesa, Tempo Assist, Construtora Tenda, Mangels e Nutriplant. Desde 2007, é sócio na Galícia Investimentos, um family office que reúne alguns ex-executivos da Ambev.

Dono de 20% do capital da empresa, o BNDES tem dois dos nove assentos no conselho.

No final de agosto, o banco já havia indicado Claudia de Azeredo Santos, uma advogada especializada em direito societário e mercado de capitais com um longo histórico corporativo. 

Quando trabalhava na Aracruz, nos anos 90, Santos fez parte do time que listou a empresa na Bolsa de Nova York, fez a primeira emissão de Eurobond de uma empresa brasileira, a primeira securitização de recebíveis com grau de investimento e a primeira operação de swap de taxa de juros e moedas (trocando exposição a uma cesta de moedas para o dólar, a moeda em que a companhia fatura).

Este histórico de transações — triviais hoje, inéditas à época — levou a um convite de Maria Silvia, então CEO da Companhia Siderúrgica Nacional, para o cargo de diretor jurídico da siderúrgica, onde Santos ficou entre 1996 e 2003.  Naquele período, Santos fez parte do time que organizou a oferta da CSN pelo controle da Vale.

Hoje, Santos é sócia do escritório Azeredo Santos & Cirne Lima Advogados, no Rio.

Além de colocar Luchetti e Santos no conselho, o BNDES também nomeou Eraldo Soares Peçanha para o conselho fiscal da JBS.

Peçanha foi controller da Aracruz, onde trabalhou de 1974 a 1996. Também conheceu Maria Silvia na CSN, onde ficou sete anos, e mais tarde trabalharam juntos na Icatu Seguros, onde ela foi CEO, e ele, diretor executivo de serviços a clientes entre 2008 e 2011.  Antes disso, também foi controller e diretor de governança corporativa na Embratel. 

A relação da nova gestão do BNDES com a JBS teve um momento de tensão em outubro, quando o banco vetou a reorganização societária que levaria à criação e listagem da JBS Foods International.  De lá para cá, as duas partes já concordaram num novo desenho para a operação.